A Maria Inês Torres, do 11.º A, presenteou-nos com mais um fantástico texto criativo!
Parabéns pelo talento
A janela da vida
A vida é uma casa sem telhado e cada um de nós é responsável por construir o telhado que o protegerá das tormentas e o aconchegará na brandura do amor e na leveza da felicidade.
Embora sob cada um de nós circunde o mesmo céu e as estrelas brilhem para todos, nem todos sabem apreciar a sua luz e calma. As estrelas representam a dicotomia da vida na medida em que, por um lado, elas simbolizam o futuro, o caminho que cada um deve seguir e a felicidade e paz que devem aconchegar o nosso corpo e fortalecer as nossas inseguranças. Por outro lado, as estrelas revelam uma faceta mais disforme e triste, porque atolam em si a alma daqueles que partem para um cometa desconhecido onde não é permitida a presença de corpos mas de almas.
Mas por que razão consideramos a morte um sacrifício ou dor? A morte é um ressurgimento, é ter a oportunidade de experienciar o descanso e a plenitude, porque a Terra não tem em si raízes para fortalecer todos os seus rebentos e, assim como uma planta precisa de perder as folhas para reflorescer, também nós precisamos de perceber a necessidade de cair e enforcarmo-nos na dor e lágrimas para entender que em cada corpo existe um espada capaz de derrubar adversidades e um coração apto a perdoar e a aceitar as dissemelhanças. Todos somos fortes e humanos, por isso deixemos de olhar para a morte como perda e sofrimento e percebamos que morte é sinónimo de aprendizagem, pois é só perante a dor que nos personificamos como pessoas fortes e lutadoras. Assim como a Fénix que renasce das cinzas, esplêndida e resiliente, também nós devemos perceber que a chama não perdura eternamente e que o simbolismo da vida é aceitar a incerteza que habita diariamente nos nossos dias e nos deve fazer aproveitar o tempo.
O tempo é um caracol, carrega as horas e os minutos mas em momentos de fragilidade e medo esconde-se para ensinar que o relógio não para, mas é imprescindível perceber o tempo de descanso e pausa de cada um.
Afinal, se não temos a certeza de que vamos poder sustentar todas as adversidades, ao menos saibamos dizer a quem é importante que o é, pois as circunstâncias da vida alteram o pincel que a pinta e é preciso cativar ooutro para dar um rumo à obra de arte da vida, olhando calma e alegremente para a plenitude e leveza da sua janela e prontificando-nos a receber o que ela destina para nós. Afinal não somos os guias do Titanic, somos apenas os seus passageiros acoplados à incerteza do seu afundamento.
Inês Torres, 11.º A